Casa Georgia

 

Idealizada para uma família que desejava desfrutar de momentos compartilhados, num ambiente aconchegante e rodeado por luz natural, a casa Georgia destaca-se pelos seus volumes contrastantes.

Encrustada entre duas altas residências, em um lote exíguo de 10 metros de largura por 52 metros de comprimento, com duas árvores nativas ao fundo, o principal desafio era adequar confortavelmente a distribuição do programa ao longo do terreno, privilegiando a relação dos interiores ao jardim, e buscando soluções que maximizassem a iluminação natural.

O formato do terreno, comprido e estreito, esboçou a implantação longitudinal e os espaços sociais contam com ventilação cruzada, abrindo-se para o jardim dos fundos.

O partido arquitetônico se desenvolve a partir de um jogo interno de cheios e vazios, criado pela extrusão linear de uma mesma seção – arquetípica da casa – formando um pavilhão que abriga um monolito em um dos muros de divisa ao vizinho. A estrutura principal, com pé direito duplo, acomoda os ambientes sociais e um mezanino, onde se localiza o espaço de trabalho. O volume limítrofe, concebido como uma dupla de caixas sobrepostas, abriga os espaços de serviço no térreo e os dormitórios no piso superior.

A fachada para rua é evidenciada pelo volume sólido retangular e brises alaranjados, enquanto a fachada posterior é marcada pelo grande volume com telhados em duas águas que coroam um pé direito duplo voltado ao jardim.

Internamente, para quebrar esteticamente a rigidez do volume alinhado à fachada sudoeste – que se estende em direção ao exterior e ao longo dos dois pavimentos –, a faixa inferior é integralmente revestida por painéis de madeira que mimetizam a generosa porta de correr de acesso à cozinha e home theater, sendo este último diretamente conectado à varanda especialmente pensado em apoio aos momentos de recepção e lazer. Em contrapartida, a faixa superior é recoberta por pintura branca, irradiando a luz que penetra o espaço a partir da faixa de vidro que fende sobre a estrutura principal.

A interconexão dos espaços e da relação com as áreas ajardinadas criam uma relação de integração entre os espaços internos e externos que é facilitada pelas generosas folhas de vidro que emolduram a bela vista do jardim, e trazendo iluminação natural abundante ao interior.

Entre as premissas solicitadas pelos clientes, desejavam blocos de concreto aparentes. Estes foram aplicados através de sistema de alvenaria autoportante nas empenas limítrofes, que por sua vez serve de apoio ao telhado duas águas erguido em perfis metálicos. Complementando a seleção de elementos industrializados, mezanino e pavimentos adjascentes são erguidos através de esqueletos metálicos, sendo o primeiro acessado por escada em chapa metálica dobrada. Trazendo uma atmosfera acolhedora, o forro é recoberto por placas de compensado naval, em harmonia à materialidade que identifica os painéis do pavimento térreo.

Nos interiores, os móveis existentes dos clientes passaram por um processo de restauro e posteriormente redistribuídos na nova morada, em fina sintonia à arquitetura, a partir de tons neutros e peças em madeira.