Sede da Liga Portugal

Este edifício multifuncional acolhe uma vasta gama de programas, incluindo escritórios, um auditório, um museu, um pavilhão desportivo e uma ampla zona ajardinada que liga a estrutura ao tecido urbano envolvente. Embora aparentemente simples na sua forma, a Arena Liga Portugal integra soluções arquitectónicas de grande complexidade.

Durante a fase inicial de investigação, a equipa de projecto deparou-se com uma frase simples mas marcante do antigo jogador de futebol britânico Bill Shankly, que ficou conhecido por afirmar: “Que dia maravilhoso para jogar futebol, tudo o que precisas é de um campo e uma bola.”
Embora o edifício não leve esta citação à letra, inspira-se claramente nela. Esta influência é visível no desenho, em especial na cobertura verde que se prolonga pelo parque ribeirinho adjacente, bem como no volume branco suspenso que evoca uma bola pousada sobre o relvado.

Desde o início, foram explorados diversos conceitos com o intuito de garantir que cada solução contribuísse para reforçar a visão global do projecto. Este processo foi pautado por um diálogo constante entre as várias partes interessadas, permitindo que o edifício evoluísse de acordo com necessidades e perspectivas distintas. O objectivo principal foi criar um espaço que não só respondesse às funções da Liga Portuguesa de Futebol, mas que também estabelecesse uma relação significativa com a cidade e a sua envolvente.

Localizada estrategicamente, a Arena contribui para a reabilitação de uma zona anteriormente negligenciada do Porto, com o propósito de se afirmar como um marco visual e funcional. A luz natural desempenhou um papel central em todo o processo de concepção, com cada abertura pensada de forma a maximizar a entrada de luz solar, criando uma narrativa de texturas e sombras. A interação entre luz e matéria transforma os materiais – como o betão e o vidro – conferindo dinamismo aos espaços.

Durante a noite, a Arena transforma-se num verdadeiro farol urbano, com a sua iluminação a destacar as linhas geométricas do edifício no horizonte da cidade. A forma da estrutura convida a luz a percorrer as suas superfícies, criando uma composição visual em constante mutação ao longo do dia.

Uma das características que define o projecto é a torre em forma de cubo. A equipa procurou criar um edifício simultaneamente funcional e visualmente marcante. A fachada branca de padrão hexagonal remete para o universo do futebol, evocando a textura de uma bola ou a malha de uma baliza, enquanto o uso combinado de vidro e fibra de vidro gera padrões geométricos dinâmicos que captam e reflectem a luz. Estes elementos simbólicos tornam a torre numa verdadeira afirmação visual da identidade da Liga Portuguesa de Futebol.

O programa exigia ainda a criação de uma praça pública. A equipa concebeu esta praça como uma extensão natural da cidade e o ponto principal de entrada no edifício. As zonas de acesso público foram distribuídas em torno da praça ao nível do solo, enquanto as áreas mais privadas foram organizadas na torre superior, definindo assim uma hierarquia espacial clara.

Guiado por ideias como a cobertura verde e a geometria arrojada e icónica do cubo, o projecto foi desenvolvido através de um processo iterativo de exploração volumétrica. A equipa procurou constantemente soluções que melhor respondessem ao programa funcional e, simultaneamente, garantissem uma presença arquitectónica forte. O resultado final equilibra essas ambições: oferece um espaço que serve os objectivos institucionais da Liga, ao mesmo tempo que enriquece o tecido urbano do Porto.

“O edifício da nova sede da Liga Portuguesa de Futebol foi concebido para acolher muito mais do que apenas os escritórios e áreas administrativas da instituição. Integra diversos programas recreativos e desportivos”, afirma João Jesus, sócio do atelier OODA.
“Desde o início, o edifício foi pensado para reforçar a ligação entre a cidade, a comunidade e a própria instituição da Liga. Em suma, funciona como um ícone no panorama urbano, representando a entidade que acolhe e ancorando a comunidade e o contexto natural que o rodeia.”