
Em casa do arquiteto: Duarte Ramalho Fontes da MASSLAB. O Arquiteto recebeu o idealista/news na “casa” da MASSLAB, um espaço pensado para “poder fazer mais e melhor”.
Duarte Ramalho Fontes: “Uma das coisas mais interessantes é pensar as cidades de forma estratégica”
Arquitetos de nove países diferentes – Portugal, Brasil, Turquia, Egipto, Polónia, Alemanha, Áustria, Equador e Itália, num mesmo atelier. Há sempre pessoas novas a chegar e outros que levam estas experiências para outros lugares. Este dinamismo sente-se no espaço da MASSLAB, atelier de arquitetura fundando em 2016 por Duarte Ramalho Fontes, Diogo Sousa Rocha e Lourenço Menezes Rodrigues.
Colegas da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, andaram pelo mundo até regressarem à sua cidade para darem forma a uma abordagem focada nos fatores que poderão afetar tanto pessoas como o planeta nos próximos anos, procurando as condições para construir um futuro melhor, tal como explicam nesta entrevista ao idealista/news para a rubrica “Em casa do arquiteto”.
Apesar de muitos trabalhos em território nacional, mantêm uma relação especial com o norte da Europa através da participação em concursos públicos e da atribuição de prémios na Finlândia e na Dinamarca.
Duarte Ramalho Fontes recebeu-nos naquela que é uma espécie de casa para todos estes arquitetos, pensado ao pormenor para “fazer melhor” – três pisos, num total de cerca de 500 metros quadrados (m2), mesmo no centro do Porto.
Qual a história deste atelier?
A MASSLAB é uma empresa de arquitetura e urbanismo com foco na investigação e desenvolvimento de soluções para as principais mudanças que poderão afetar um mundo em constante mudança, fundado no Porto em 2016.
Cada um estava no estrangeiro a trabalhar na altura de crise, por isso a MASSLAB nasce no meio de uma crise imobiliária, uma crise económica muito grande. Nós tínhamos esta vontade de voltar ao território nacional, e mostrar um bocado aquilo que tínhamos aprendido.
Acreditávamos que podemos fazer uma coisa melhor e ter um contributo positivo naquilo que fazíamos. Não era uma questão de ambição, queríamos fazer melhor.
Atualmente trabalhamos em Portugal e nos países nórdicos, fazemos desde habitação, planeamento urbano, escritórios. Tudo para nós é um pretexto para fazer um bocadinho melhor.
Sempre quis ser arquiteto?
Acho que foi mais um encontro. Mas estou muito contente com o acaso, embora com muitos cabelos brancos.
De onde vêm esses cabelos brancos?
Mais do de fazer arquitetura, é ter um negócio e ter um atelier grande. Eu acho que é difícil, mas também é bom sermos muitos porque nos apoiamos uns aos outros. Estas dores vêm do compromisso com sócios e também com toda a equipa. E de um compromisso global de querer fazer melhor.
Temos clientes, temos as Câmaras, temos os produtores, temos o sentido económico, no fundo, estamos no centro de muitos conflitos, muitas vontades, muitos desejos, e procuramos agregar tudo isso.
Quais o projetos mais marcantes?
Temos vários. Desde o início trabalhamos muito com os países nórdicos, especialmente com a Finlândia. Uma das coisas mais interessantes é pensar as cidades de forma estratégica, planos urbanos muito bem pensados.
Aprendemos muito enquanto estivemos fora e temos oportunidade de pôr em prática esses princípios.
Assim, mais recentemente, temos um mix de 45.000 m2 em Helsínquia, um projeto que será construído sobre uma antiga fábrica de comboios. Portanto, há ali um sentido decorrente de herança industrial. É como uma cidade super vibrante, com escritórios, hotel, espaços públicos, todo o mix tipológico.
Tendo todos regressado de países diferentes, como é ser arquiteto em Portugal? É bom viver no Porto?
Somos os três do Porto. Cada um trouxe um bocadinho do lugar de onde veio. Eu, por exemplo, trouxe Copenhaga. Mas é muito interessante, porque acho que o Porto é uma cidade com imensas qualidades. Queremos deixarmo-nos contaminar, mas também contaminar outros países e outras cidades. Nesse sentido da prática de “fazer melhor”.
Foi nessa ideia de “fazer melhor” que desenharam este atelier?
O mais importante, à partida, é saber como é que se utiliza o espaço onde se vai trabalhar. Com a forte expansão da nossa equipa, a MASSLAB teve necessidade de expandir também o seu espaço físico. Em meados de abril de 2023, passamos de um espaço que foi a “nossa casa” durante quatro anos para um espaço maior para toda a equipa atual e futura. Assim, e porque sentimos necessidade de trazer o ambiente no escritório antigo (que fica na mesma praceta do novo escritório), o novo espaço foi alvo de obras profundas.
Como “nossa casa” esperamos que seja um espaço com melhores condições, para poder fazer mais e melhor. O novo escritório está dividido em dois grandes espaços, sendo que cada um deles é subdividido em três andares. No lado oeste do escritório, o primeiro piso conta com uma copa e uma área comum para refeições e momentos de convívio. O segundo e terceiro pisos contam com amplas áreas de trabalho e pequenas salas de reuniões, cheias de luz. No lado este do escritório, o primeiro e segundo pisos contam com um momento de receção e duas áreas de trabalho por piso. No terceiro piso encontra-se a sala de reuniões principal e uma zona de laboratório de prototipagem através de impressões 3D e oficina de maquetes.
Queremos a conjugação entre a formalidade e espaço para a vida que acontece.
© Entrevista publicada no website