
O projeto “Punto Zero” feito no âmbito do concurso internacional da UNESCO/UIA “The Future Of The Profession – Empowering The Next Generation In Participatory Urban Design Young Architects Competition”, também anunciado pela ordem dos arquitectos, foi “shortlisted” entre as 139 propostas de 45 países, sendo a única proposta portuguesa nesta seleção.
O concurso, integrado na Bienal de Veneza 2025, desafiou arquitetos nascidos após 1989 a conceber propostas para centros de acolhimento e interpretação patrimonial em sítios UNESCO inseridos em contextos urbanos. Os projetos deveriam responder a desafios locais através de soluções sensíveis e sustentáveis, promovendo a educação, acessibilidade, valorização cultural e envolvimento das comunidades, num esforço de reinterpretação contemporânea da relação entre património e espaço público.
O processo de seleção foi conduzido em várias rondas, culminando na escolha de apenas 15 projetos finalistas — sendo este o único projeto português distinguido neste grupo.
Esta proposta em particular, no contexto específico da Piazza della Signoria em Florença, Itália, responde à experiência urbana fragmentada causada pelo turismo massivo, que compromete a contemplação e a leitura do espaço e do seu espólio artístico, que o consagra como museu a céu aberto. Propõe-se, assim, em vez de um edifício volumoso, um anfiteatro do avesso, apostando no urbanismo táctico através do desenho de mobiliário urbano, tendo em vista orientar e informar os transeuntes como porto de partida para o restante centro histórico, mas também para redistribuir o fluxo pedonal e erosivo acumulado junto ao património e optimizar a utilização da praça, cujo centro permanece amorfo e subutilizado. Assim como a própria Itália, a estrutura visualmente traduz e afirma-se como a unificação de várias partes formando um único dispositivo funcional e legível, integrando rampas de acesso, texto informativo sobre o património envolvente (com inscrições em Braille) e bancadas para uma contemplação prolongada do lugar — um gesto simples mas cada vez mais reprimido nos centros históricos italianos. Em termos construtivos, resulta da união mecânica de peças pré-fabricadas em betão, com inscrições em relevo e material luminescente que permitem a leitura e uso do espaço também à noite.
Equipa/concorrentes:
– Duarte Franco da Rosa, coordenador/team leader (arquitecto, ex aluno FAUL)
– Diogo Nascimento (arquitecto, ex aluno IST)
– Mafalda Cotrim (arquitecta, ex aluna FAUL)
– Margarida Bessa (arquitecta, ex aluna ISCTE)
– Rafael Faustino (arquitecto, ex aluno ISCTE)