O projecto de “Reabilitação do Conjunto das Bodegas da Fonte Nova” localiza-se na aldeia de Urrós, em Mogadouro, e abrange uma área de intervenção aproximada de 12.100 m2.
A intervenção tem como objectivo a recuperação e valorização de um património arquitectónico singular constituído por 31 estruturas escavadas na rocha e o seu espaço envolvente.
Com uma lógica de introduzir apenas o mínimo necessário, de modo a preservar o carácter simples e autêntico deste património, pretende-se reabilitar o conjunto, tornando-o visitável e criando as condições para a realização de pequenos eventos. Os princípios de intervenção, as técnicas e sistemas construtivos a adoptar assentam na compreensão da circunstância e no respeito pela identidade das preexistências, tendo em vista a instrução de um procedimento de classificação do bem imóvel a património arquitectónico/arqueológico.
As Bodegas de Urrós são estruturas escavadas horizontalmente numa área geológica de granitos-gnaissicos, aproveitando uma zona de declive localizada no pequeno vale da ribeira do Valado e cuja orientação varia entre Norte e Nordeste. Associadas à produção vitivinícola local, estas estruturas foram construídas pela população, talvez na primeira metade do séc. XIX, com o intuito de serem utilizadas para armazenar e conservar o vinho, ao manterem no seu interior uma temperatura fresca no Verão e amena no Inverno.
Do ponto de vista arquitectónico, estas estruturas são caracterizadas por um corredor escavado no terreno, de traçado sinuoso e dimensão estreita, que conduz ao vão de acesso e reduz a exposição solar. No interior, as bodegas são, na sua maioria, formadas por uma câmara. O tecto é quase sempre pseudo-abobadado, seguindo uma tipologia em canhão, e quando existe mais de uma câmara, estas são divididas com um arco de forma oval. O conjunto forma uma espécie de bairro, no qual as estruturas foram construídas seguindo um alinhamento entre si que acompanha a topografia do terreno. As bodegas de Urrós são o reflexo de um sentido de comunidade muito próprio desta região. São “espaços altamente qualificados típicos da cultura tradicional” ligada à produção do vinho, que se afirmam como elementos de ligação inter-geracional e identitários da comunidade de Urrós.
Para além da reabilitação das 31 bodegas e dos seus corredores, a intervenção visa ainda a requalificação paisagística da zona envolvente a este conjunto arquitectónico, através da criação de um espaço de estar/lazer e da melhoria dos percursos de acesso ao conjunto desde o centro da aldeia de Urrós, na Praceta da Fonte Nova.
Serão reabilitados os socalcos, os muros e os taludes, bem como a antiga fonte de mergulho, a Fonte Nova, que dá nome ao lugar. Os atravessamentos da Ribeira do Valado foram redesenhados, estando também prevista a construção de um novo Edifício de Apoio. Este edifício albergará as instalações sanitárias, um pequeno espaço de arrumos e um miradouro na cobertura.
Castro Natali, 2025
Projecto
Bodegas da Fonte Nova
Cliente
Câmara Municipal de Mogadouro
Localização
Urrós, Mogadouro
Arquitectura
Castro Natali
Arquitectos Responsáveis
Alexandra Castro, Nicola Natali
Colaboradores
Beatriz Robalo, Cristiano Alves, Ruben Pinheiro, Márcia Azevedo
Paisagismo
Laura Roldão Costa – Arquitectura Paisagista, Porto, Portugal
Avaliação e Diagnóstico Estrutural
NCREP – Consultoria em Reabilitação do Edificado e Património, Porto, Portugal
Estruturas
NCREP – Consultoria em Reabilitação do Edificado e Património, Porto, Portugal
Hidráulica
NCREP – Consultoria em Reabilitação do Edificado e Património, Porto, Portugal
Electricidade
GPIC – Projectos, Consultadoria e Instalações, Porto, Portugal
Estradas e Arruamentos
AGCE Engenharia de Infraestruturas Viárias, Lda., Gondomar, Portugal
Medições e Orçamento
Álvaro Raimundo, Vila do Conde, Portugal
Levantamento Topográfico e Arquitectónico
Hugo Pires, Porto, Portugal
Visualizações
© Castro Natali
Fotografia
© Castro Natali
Área de Construção
12.100 m2
Data do Projecto
2023
Datas Prevista para Ínico da Obra
2025