Edifício Estação

A proposta refere-se à pretensão da construção de um edifício de habitação multi-familiar com comércio/serviços em prédio localizado no centro da cidade de Aveiro, nas imediações da estação de caminho de ferro, mais concretamente na rua Comandante Rocha e Cunha nº142A e B, gaveto com a rua Dr. Arlindo Vicente.

Originalmente o conjunto era constituído por dois armazéns industriais desactivados e um logradouro lateral. Tratando-se de dois armazéns industriais do início do século XX, com desenho de alçado idênticos. O alçado principal das construções (alçado rua Dr. Arlindo Vicente) possui uma linguagem arquitectónica característica dos edifícios industriais da época, ritmado por janela – porta (com soleira elevada) – janela e janela circular a eixo da porta. Considerando-se que a preservação e integração das fachadas existentes valorizou a nova construção preservando uma memória distante do antigo carácter da zona.

Os dois armazéns industriais pré-existentes encontravam-se desactivados e complementavam-se por um logradouro lateral. Tratando-se de dois armazéns industriais do início do século XX, com desenho de alçado idênticos. O alçado principal das construções (alçado rua Dr. Arlindo Vicente) possui uma linguagem arquitectónica característica dos edifícios industriais da época, ritmado por janela – porta (com soleira elevada) – janela e janela circular a eixo da porta.

A intervenção urbanística pretendeu a integração da proposta na circunstância, seguindo os alinhamentos das construções adjacentes e previsão de desenvolvimento do quarteirão, considerando a manutenção das fachadas dos armazéns existentes, exemplares da arquitectura industrial que caracterizaram as imediações da estação ferroviária no início do século passado.

O edifício é constituído por quatro (4) fracções de comércio/serviços no piso térreo, quinze (15) fracções habitacionais nos pisos superiores e área comum de estacionamento automóvel no piso em cave. O piso em cave ocupa toda a área da parcela. Nos pisos superiores, a construção forma um logradouro tardoz afastando-se do miolo do quarteirão e encostando-se apenas às empenas das construções adjacentes voltadas para os respectivos arruamentos.

A formalização do edifício pretendeu a simbiose entre a nova edificação e a preexistência, e a sua relação com a envolvente próxima. A manutenção das fachadas preexistentes, pela sua dimensão e pela sua opacidade, condicionou o desenvolvimento e o uso da edificação, tendo-se optado por ocupar o piso térreo com fracções destinadas a comércio/serviços que por ser um programa mais versátil , também mais facilmente de adequou aos vãos e pé-direito induzidos pelas fachadas pré-existentes.

A nova construção relaciona-se com a preexistência, e surge no alinhamento recuado dos pisos superiores da construção adjacente na rua dr. Arlindo Vicente. Este volume prolonga-se até ao limite da parcela do lado da rua Comandante Rocha e Cunha, soltando os últimos dois pisos e projectando-se sobre a fachada preexistente, reforçando o alinhamento altimétrico do respectivo arruamento. Se na rua dr. Arlindo Vicente a estratégia foi de recuar o novo volume para este se descolar claramente da preexistência, no outro lado existe a intenção de usar o vazio/negativo como elemento de transição entre os dois positivos distintos. O vazio/negativo faz a transição e simultaneamente é espaço de terraço exterior para as fracções habitacionais do primeiro piso, aproveitando a plantibanda da preexistência como guarda-corpos. A linguagem arquitectónica do novo volume é clarra e assumidamente distinta da linguagem da preexistência. Sendo a preexistência um volume opaco, sólido com características construtivas tradicionais e pesadas, o novo volume surge como um elemento mais leve, orgânico, transparente e inevitavelmente contemporâneo. A consideração de todas estas estratégias de relação e a procura de um diálogo quase de antítese entre estes dois dispositivos resultou num conjunto impactante, claro e enriquecedor para o lugar e sua memória intrínseca.

O acesso às fracções habitacionais e acesso automóvel ao piso em cave, fazem-se junto à estrema do lado Poente em plano recuado relativamente à fachada que segue o alinhamento da construção vizinha anulando a empena que existia no local. A entrada comum das fracções habitacionais tem acesso directo ao logradouro comum onde se localizam as comunicações verticais. O acesso às fracções de comercio/serviços é feito directamente pelo passeio público. A vontade de manter os vãos de soleira alta característicos da preexistência e a necessidade de constituir abertura para vitrinas/montras, levou à abertura de novos vãos na fachada existente do lado da rua Comandante Rocha e Cunha replicando a forma dos originais da rua Arlindo Vicente.

No que diz respeito à concretização material da proposta, na preexistência optou-se pela manutenção da materialidade original das fachadas, o reboco pintado a cor tom ocre e os alisares e contornos com um tom mais carregado. No volume novo optou-se por uma abordagem mais ligeira, conferindo ao volume uma leveza contrastante com a preexistência. Para isso constitui-se uma fachada cortina com elementos verticais em alumínio anodizado que protegem a fachada maioritariamente de vidro, planos opacos serão revestidos com vidro escurecido.

O piso de cobertura constitui um espaço comum, que integra uma área técnica ( para painéis solares) e uma área de lazer e fruição da sua excepcional situação paisagística e vista sobre a cidade.

A linguagem arquitectónica formalizada no projecto através da sua materialização e do seu desenho de alçado objectiva um desenho afirmativamente contemporâneo com uma escala apropriada ao arruamento e proporção do edifício projectado. Esta opção garante uma integração paisagística urbana e em simultâneo a marcação de dois momentos distintos na construção da cidade.

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FICHA TÉCNICA

Projeto

Edifício Estação

Localização

Aveiro, Portugal

Arquitetura

Sónia Cruz – Arquitectura

Arquiteto responsável

Sónia Cruz

Colaboração

Rui Vieira, Inês Lopes

Promotor

Graterol & Santos, Lda

Construtora

Adiciona Developments, Unipessoal Lda.

Fiscalização

R5 Engineers

Engenharia

R5 Engineers

Paisagismo

Sónia Cruz Arquitectura

Projeto Luminotécnico

Sónia Cruz Arquitectura

Acústica

R5 Engineers

Hidráulica

R5 Engineers

Térmica

R5 Engineers

Identidade Visual

Sónia Cruz Arquitectura

Ilustrações

Sónia Cruz Arquitectura

Decoração de interiores

Sónia Cruz Arquitectura

 

Marca/Produto

Sosoares – Caixilharia
Sanindusa – Louças sanitárias
Stacbond – Aluminio
Sotecnisol – Serralharia
Margrés – Cerâmico

 

Fotografias

Ivo Tavares Studio 

 

Área total construída

2843m2

 

Ano de conclusão

2024

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