Escola Primária de San Bernardino

O projecto para a realização da nova escola primária parte da vontade de requalificar e reorganizar as áreas livres que caracterizam a envolvente do convento de San Bernardino e que actualmente se encontram pouco valorizadas e tratadas como zonas verdes residuais entre os volumes edificados.

A intervenção tem como objectivo definir um novo parque urbano em torno do complexo de San Bernardino que, em conjunto com o jardim da Montagnetta, situado um pouco mais a norte, poderá formar um sistema de espaços verdes entre o centro histórico e o santuário, ao longo do eixo arborizado do Viale Papa Giovanni XXIII.

A estratégia de projecto prevê a implantação do edifício da nova escola segundo um eixo nascente–poente, de modo a permitir que este se relacione tanto com o complexo conventual como com o jardim-de-infância existente, definindo-se claramente as partes do parque de uso público e aquelas reservadas às actividades escolares.

Do ponto de vista arquitectónico, o principal desafio na concepção da nova escola passa por garantir que esta se integre harmoniosamente no contexto envolvente, dominado pelo complexo conventual quinhentista de San Bernardino. Para tal, o projecto reinterpreta alguns elementos arquitectónicos típicos do lugar. Em particular, inspirando-se na tipologia dos claustros, dos pátios e das casas rurais lombardas, o projecto propõe um edifício alongado, no qual a relação entre os espaços interiores e exteriores é fundacional. A cada espaço interior da nova escola corresponde um espaço exterior análogo, definido por muros em tijolo e vegetação autóctone. A escolha do revestimento exterior em tijolo retoma um material tradicional local e contribui para a criação de uma relação com o complexo monumental adjacente. O aparelho gótico adoptado nos muros em tijolo e a presença de filtros na parede da escola visam estabelecer um diálogo com alguns dos elementos em alvenaria presentes no claustro de San Bernardino.

O novo edifício da escola primária apresenta um desenvolvimento linear que, em correspondência da fachada do claustro, é desfasado de modo a alinhar com o jardim-de-infância e assim definir o ponto de entrada no átrio, que se encontra numa posição central em relação aos espaços de ensino. A ala voltada a nascente acolhe as cinco salas de aula e o laboratório, enquanto na ala poente situam-se o refeitório e o espaço polivalente, ambos contidos num único volume flexível que pode ser subdividido por paredes móveis. Cada espaço da escola abre-se para o seu próprio jardim.

Do volume da escola prolongam-se muros de tijolos que favorecem a extensão do espaço interior para o jardim, que assim se transforma num lugar para experiências de aprendizagem.

O projeto reinterpreta a lógica típica das aberturas das casas rurais lombardas, com grandes vãos voltados a sul e pequenos orifícios ou filtros de tijolo para ventilação nas paredes a norte.

Todos os espaços de ensino voltam-se para o parque a sul, com amplas superfícies envidraçadas protegidas por uma cobertura saliente e equipadas com proteções solares. Do mesmo modo, as zonas de serviço e os espaços de circulação beneficiam de luz natural proveniente de janelas voltadas a sul, posicionadas na parte superior dos compartimentos, em correspondência do desfasamento entre os planos inclinados da cobertura.

Ao nível dos materiais, a nova escola apresenta uma envolvente em tijolo que estabelece um diálogo com os elementos do convento e o contexto envolvente. No interior, o edifício é constituído por uma estrutura em madeira laminada cruzada (CLT) à vista que proporciona um ambiente acolhedor e inovador aos espaços destinados às crianças.

Castro Natali + Studio Bombasaro, 2022