Escritórios Maferis

A reabilitação de uma antiga fábrica na zona da Abóboda, em Cascais, acolhe agora as novas instalações da Maferis/3PM. A intervenção respondeu a um programa claro e funcional, distribuindo o espaço em três zonas principais: escritórios, armazém e assistência técnica, complementadas por copa/refeitório e balneários.

A estratégia projectual procurou respeitar a lógica estrutural e espacial da pré-existência, preservando a sua natureza industrial e potenciando-a com uma nova hierarquia funcional. Nas zonas técnicas: armazém, assistência e lavagens, manteve-se uma linguagem crua e robusta, com materiais resistentes e acabamentos assumidamente industriais. A austeridade desses espaços acentua a sua natureza operativa e valoriza a verdade construtiva.

A copa/refeitório e os balneários introduzem uma transição, com acabamentos mais refinados. Nas instalações sanitárias, o revestimento em pastilha vidrada na cor preto destaca-se como elemento diferenciador e contido.

Nos escritórios, a linguagem transforma-se. Um único armário percorre toda a extensão do espaço, dissimulando pilares salientes e dobrando-se para acolher a recepção. A composição de cheios e vazios deste elemento remete, noutra escala, para as caixas de luz embutidas no tecto, que, por sua vez, ocultam as vigas existentes. Este sistema de iluminação contribui para uma atmosfera depurada e silenciosa.

O open space integra recepção, zona de espera, área de trabalho, gabinete de direcção e sala de reuniões. Este último configura-se como um volume autónomo, solto do chão e do tecto, acentuando uma ideia de suspensão através da luz rasante que o envolve. A materialidade dos escritórios: pavimento, paredes e armários em cortiça na cor branco, responde a requisitos de conforto acústico e térmico, conferindo continuidade e coesão ao espaço.

As grandes superfícies envidraçadas definem a relação com o exterior e reforçam a presença da luz natural. Tudo se organiza em tons claros, neutros, quase silenciosos, dos quais apenas se destacam os volumes negros dos balneários e do núcleo central suspenso. Um equilíbrio entre robustez e contenção, entre presença e leveza: onde a arquitectura não se impõe, mas orienta. Um lugar para trabalhar com prazer, onde cada gesto foi pensado com o objectivo de acolher bem.